Walmor
Corrêa

(1960-) Nasceu em Florianópolis, Santa Catarina. Vive e trabalha em São Paulo

A investigação e a expressão anatômica tornaram-se o tema do corpo de trabalho de Walmor Corrêa. Ele fornece a expressão mais vital desta linhagem artística, que nada mais é do que a mais potente memória cultural da humanidade jamais retratada, desde o período paleolítico até o futuro. A genealogia que ele apresenta pode ser vista especialmente nas tradições da arte mediterrânea, da Renascença e das escolas científicas modernas.

Seu trabalho gira a partir de uma linhagem que relaciona percepção, análise, a ciência dos materiais e da forma, anatomia, especulação, imaginação e a capacidade de interpretar e revelar a cultura através das formas do corpo, das imagens que nos retratam, através das criaturas com as quais vivemos, e através de nosso mundo. Os termos desta equação semântica envolvem conhecimento, arte, cultura, ciência, anatomia e corpo. As criaturas/criações do artista são plantas e animais híbridos. Eles apontam para um mundo caprichoso e representam a taxidermia da fantástica vida selvagem que nos confunde, ainda mais porque não são mais meras alucinações artísticas, mas possibilidades científicas reais. Os trabalhos de Walmor Corrêa têm sido amplamente mostrados no Brasil e na Europa.

O artista descreve a inspiração para as obras que criou:

“Eu estava andando pelos jardins da antiga Maternidade Matarazzo, prestando atenção à vegetação. Meu olhar logo foi atraído pelas pequenas e minúsculas ervas e flores. Os pássaros ou o vento trouxeram algumas delas. Também olho com atenção para as árvores maduras e os testemunhos daqueles que viveram lá, trabalharam ou tomaram cuidados médicos. Percebi que muitas das plantas e ervas ali (quebra- pedras, goiabeiras, amoreiras, marapuama, entre outras) eram conhecidas e utilizadas pela medicina popular na forma de infusões, essências, pomadas etc. Fui motivado pelo mesmo sentimento que despertou meu interesse no mercado Ver-o-Peso, um lugar onde se pode encontrar uma ´solução´ para uma miríade de coisas (este grande mercado localizado em Belém do Pará, norte do Brasil, abastece a cidade com vários tipos de mercadorias, comidas típicas, frutas nativas, legumes, peixes, carnes e ervas medicinais da Amazônia).

Fui imediatamente pesquisar essas espécies. Muitas tinham nomes indígenas, outras se referiam a suas curas potenciais, resultando em fonemas muito interessantes: Virgo Herb, Mimosa Pudica, O Amor do Burro etc. Também expandi meu interesse pelas ervas usadas nos ritos das religiões africanas – que atraem por sua intenção – e aprendi que seus nomes atraem quase como magia/feitiço. Cipó Mil Homens é uma infusão de ervas que daria força a ´mil homens´ e Alevante é uma erva de banho que purifica os espíritos baixos/diabólicos. Meu objetivo é sempre criar através da arte, desenho e pintura tábuas de ervas e plantas híbridas ou enxertadas que juntas teriam seus efeitos potencializados. Quando os nomes populares chamaram minha atenção, eu fui em busca de suas referências a partir de uma nova forma botânica.

Para o Rosewood São Paulo, comecei com a ajuda de um botânico que visita regularmente a região amazônica, e registrei as espécies científicas e as novas espécies de plantas”.

Os três elevadores do prédio da Maternidade transportam as criações de Walmor Corrêa —  obras afrodisíacas, energéticas e alucinógenas — que retratam ervas brasileiras, algumas não-endêmicas, mas todas encontradas no país. Algumas são criações imaginadas pelo artista para transmitir a história de plantas híbridas misteriosas que surpreendem o público. As obras de Corrêa também estarão nos quatro elevadores da torre Mata Atlântica de Jean Nouvel, no Rosewood São Paulo.