Fernando
de La Rocque

(1979-) Nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha

As obras de Fernando de La Rocque falam da presença do corpo, transformado em um dispositivo de acionamento constante e alvo de sucessivas condensações, em uma eterna sucessão de novas formas e composições refutadas em um contínuo exercício de expansão. Tudo oscila e ressoa através de uma sensação de movimento; os corpos nus dão vida à superfície da tela, enrolando-se em movimentos de massas multicoloridas, entrelaçando-se em variações rítmicas e módulos quase cósmicos. O artista explora as possibilidades do movimento de reciprocidade entre as formas humanas na sua totalidade através de suas representações saturadas. Nada está parado ou em seu devido lugar; tudo parece flutuar, é difícil trazê-los em foco e tudo assume um caráter quase performático.

Em sua proposta artística para o Rosewood São Paulo, Fernando de la Rocque criou um trabalho ambíguo. Sem chamar muita atenção para os detalhes dos azulejos de cerâmica que fez, o artista nos convida para um mundo de sedução onde a repetição com uma composição formada por poucos elementos remete à elegância da cerâmica portuguesa. Mas ao nos aproximarmos, o tema explorado por La Rocque salta aos olhos: é uma representação da maternidade. Uma lembrança sutil dos cerca de 500.000 paulistas que nasceram ali, na antiga Maternidade Matarazzo. Portanto, as figuras são personagens com as pernas abertas. Mulheres, claro, provavelmente bem próximas ao parto, mas também podem ser homens e alguns transexuais. “Quase todos nascem em uma maternidade e esse trabalho nos permite falar metafórica e delicadamente sobre a diversidade sexual”.