Daniel
Senise

(1955-) Nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha

Artista aclamado, Daniel é formado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), no Rio de Janeiro, de 1981 a 1983. Foi também professor na EAV de 1985 a 1996. Desde os anos 80, Daniel tem realizado exposições individuais em importantes instituições de arte e participou de muitas bienais em todo o mundo. Sua prática artística atual gira em torno de pinturas em torno do equilíbrio e do peso do espaço com a presença e ausência de objetos do cotidiano. Ele frequentemente incorpora impressões de pisos, resíduos do chão, pó de ferro, objetos de chumbo ou tecidos às suas telas. Algumas de suas pinturas têm superfícies densamente trabalhadas, enquanto outras têm camadas muito finas de tinta. Embora o espectador não possa identificar as pinturas dentro do espaço, o componente arquitetônico da criação brilha, como se manipulasse o espaço e sua interação com a arte.

Senise participou de muitas bienais de arte, incluindo as edições de 1985, 1989, 1998 e 2010 da Bienal de São Paulo; a Bienal de La Habana em 1986 e a Bienal de Veneza em 1990, entre outras.

O artista, conhecido por reescrever a narrativa da pintura, por vezes substitui a tela por imagens fotográficas. Sua narrativa característica da pós-pintura, juntamente com sua paixão pela história da arte e arquitetura, é amalgamada em fotos com ângulos incomuns de edifícios decadentes, sobre os quais ele aplica camadas dos destroços recuperados dos mesmos locais onde as imagens foram fotografadas.

No Rosewood São Paulo, as obras criadas por Senise falam de memória, espacialidade, representação e materialidade e se desdobram em imagens e superfícies fotográficas. As fotos substituem a tela por imagens de espaços memoriais, como a antiga Maternidade Matarazzo. As fotos foram tiradas ou dirigidas pelo Senise, com a colaboração do fotógrafo Mauro Restiffe. A fotografia aparece como um pano de fundo/cenário que ativa a imaginação como camadas de sobreposição temporal, configurando uma discussão sobre a “corporalidade” da matéria, representação, imagem, realidade e existência. Os materiais e objetos coletados nos espaços fotografados são justapostos, criando camadas de profundidade e contraste entre figuras e fundo em bi e tridimensionalidade. Essas são narrativas sobre o mundo e o lugar do real e do virtual hoje.

Além das duas obras — fotografias usando colagens de elementos que ele encontrou no prédio abandonado da antiga maternidade no complexo Matarazzo —, Daniel Senise também trabalhou em uma obra de arte memorial que havia iniciado durante a Invasão Criativa de 2014 (Feito por Brasileiros, a exposição criativa que ocupou corredores, salas e pavilhões do antigo complexo hospitalar Matarazzo e reuniu mais de 100 artistas do Brasil e do mundo com instalações, pinturas, vídeos e esculturas espalhadas pelo prédio abandonado). No atual trabalho, uma criação de ato contínuo, o artista manteve as janelas abertas para mostrar a ‘pele’ das diferentes estratificações da história do corredor do edifício da Maternidade. O resultado lembra imagens abstratas, uma espécie de grafite espontâneo, bem ao estilo artístico e com materiais que Jean Dubuffet ou Brassaï não negariam.