Arthur
Lescher

(1962-) Nasceu em São Paulo, onde vive e trabalha

Um dos mais importantes artistas brasileiros da atualidade, Lescher é conhecido principalmente por suas esculturas. Suas peças de arte se relacionam com o espaço circundante, seja através de interferências e distúrbios ou sugerindo um lugar desconhecido, ligado — ou não — ao físico.

As obras de Lescher foram expostas em todo o mundo e exibidas em várias Bienais de arte em São Paulo e na América Latina; suas criações fazem parte das coleções permanentes de importantes museus em toda a América do Sul e do Norte. O artista também é conhecido por suas obras urbanas site-specific.

O Grande Marco — obra exposta no Rosewood São Paulo — é advinda da primeira obra de uma série que Lescher criou para homenagear seu amigo uruguaio, o artista Marco Maggi (1957-). A peça escultórica de 7,40 metros de altura, feita em latão, é um trabalho suspenso preso ao teto em um estado de equilíbrio sensível, criando uma tensão entre o ambiente e o busto da Condessa Filomena Matarazzo.

Por mais de trinta anos, Lescher tem apresentado um sólido corpo de trabalho como escultor, que resulta de sua pesquisa em torno da articulação e da forma dos materiais. Nesse sentido, o artista criou um diálogo ininterrupto e preciso, tanto com o espaço arquitetônico quanto com o design, o qual está aliado à sua escolha de materiais, e se desenvolve a partir de uma matriz sólida de metal, pedra, madeira, feltro, sais, latão e cobre e faz com que os elementos fundamentais destaquem a força desse discurso.

Mesmo que o corpo de trabalho de Lescher esteja fortemente ligado aos processos industriais e ao extremo refinamento e rigor, sua produção não tem como única finalidade a conquista da forma. Ela vai muito além disso. Tal contradição abre espaço para o mito e a imaginação, elementos essenciais para a construção da Paisagem Mínima de Lescher. Ao escolher nomes como Rio Máquina, Metamérico ou Inabsência para suas obras, Lescher propõe uma extensão da obra, sugerindo uma narrativa — às vezes contraditória ou provocadora — que coloca o espectador em um hiato, em condição suspensa.

O artista elabora: “Todo trabalho que faço, parte de um conjunto de relações gramaticais formais, ou seja, a escolha dos materiais, as formas como se relacionam entre si e os mecanismos com os quais interagem”. A engenharia da obra é essencial; tudo isso serve a um propósito que pode se tornar claro durante o processo de construção. A consciência de que estas relações evocam além dos laços formais é algo a que presto muita atenção; ao fazer a obra, procuro deixar o discurso claro.

A sintaxe traz outro discurso além dos aspectos formais do Grande Marco, um trabalho escultórico que evoca imagens de uma relação entre a natureza feminina e a masculina — e como um personagem se relaciona com o outro. Essa relação é apresentada na peça como um equilíbrio. O elemento feminino envolve o masculino como atmosfera. Eu pretendia tornar visível este discurso poético”.